Quanto mais as empresas do setor estiverem atentas e abertas a adotarem soluções de segurança cibernética, melhor preparadas elas vão estar para a digitalização, o que se mostra cada vez mais próximo. De acordo com Sergio Muniz, diretor de vendas da Gemalto, o tema já vem sendo discutido internamente nas empresas e está sendo feito um trabalho de conscientização no sentido de mostrar os benefícios dos investimentos em cibersegurança. “Apesar de não ter os investimentos concretos, eles vão acontecer muito em breve, já existe muito interesse das áreas de operação do mercado de energia”, explica.

O diretor não considera que a falta de uma regulamentação efetiva para o tema no setor seja o motivo para a baixa penetração de soluções de cibersegurança nas empresas. Ele admite que isso atrasa um pouco o processo, mas que não pode ser considerado causa para o não avanço. Para ele, o movimento vai se intensificar mesmo sem uma regulamentação, cabendo aos fabricantes a difusão da conscientização, mostrando vulnerabilidades, violações e o que tem sido feito pelo mundo. “A regulação é sempre bem- vinda, mas ela não pode ser a autodefesa de porque o mercado não está protegido”, avisa.

Em novembro do ano passado, o governo federal publicou decreto aprovando a Política Nacional de Segurança de Infraestruturas Críticas. Ela engloba instalações estratégicas em áreas como energia, logística e transportes, telecomunicações e saneamento básico. A União deverá orientar estatais e outros entes federativos a planejarem ações para ampliar a segurança física e cibernética de suas instalações.

Muniz vê no setor elétrico um grande potencial de mercado. Para ele, os investimentos não virão apenas na área de distribuição, mas também na geração e na transmissão de energia. “O negócio tem um crescimento muito relevante, expressivo, mas é ainda muito pequeno percentualmente”, aponta. Embora as usinas mais recentes já estejam digitalizadas, somente planos de monitoramento efetivos vêm sendo utilizados e não soluções para segurança digital.

Os investimentos são considerados baixos por ele, bastando que ele seja incluído no orçamento. “Dentro do budget vai caber, é uma questão de colocar nele”, revela. A velocidade com que a cibersegurança avança no setor elétrico é inferior à de outros setores que impulsionados por força de lei e alta sensibilidade de dados, mostram mais rapidez e já se dedicam ao fato há mais tempo. “O mercado de energia é um mercado que pelos investimentos, robustez e natureza dos negócios, vai ser mais lento”, sinaliza Muniz.

Sem dar uma previsão de crescimento nos negócios na área de energia para a Gemalto em 2019, o executivo se mostra animado para esse ano e conta que o Brasil é o país com mais demanda e em estágio superior aos vizinhos da América Latina no assunto segurança digital. “A taxa de crescimento é alta ainda. Tem mercados que estão por vir, acho que esse ano já começa a virada, temos visto interesse”, conclui.